sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

UM PENSAMENTO SOLTO

Várias vezes já pensei em escrever isto, mas nunca deu certo. Acho que não tenho cacoete mesmo para escrever sempre, tem que estar inspirado e o computador precisa estar por perto. Nem mesmo sei se já não escrevi tudo isso, porque já faz algum tempo que não releio minha caraminholas. Posso até já estar meio gagá e ficar repetindo sempre a mesma história mas, como este blog é apenas minha terapia gratuita, não reclamem. Aqui vai.

Tenho para comigo que Deus fez da vida dos homens apenas uma caminhada. Muitas vezes longa, às vezes curta demais.Um caminho em que ninguém consegue enxergar ao longe, como se estivéssemos em trilhas ao longo de uma densa e alta floresta. A cada trecho, entramos numa encruzilhada, com várias novas opções de trilhas diferentes. Nosso único parâmetro de escolha, naquele momento, é a inclinação que se avista de seu começo. Podemos apenas subir ou descer. Assim nos mantemos enquanto vivendo. A medida em que iniciamos cada trilha escolhida, passamos por locais e sensações variadas, boas e ruins. Evidente que, quanto mais trilhas percorremos, mais experientes ficamos e mais aprendemos sobre nossas escolhas.

Do alto de meus cinquenta e tantos anos, eis o que extraí de minhas trilhas e de observar as trilhas de quem segue próximo a mim. Pra chegar lá em cima, no topo, tem que subir. Ridículo, de tão óbvio, mas é interessante como muita gente, seja por comodismo, seja por não entender, prefere sempre descer. Alguns privilegiados, sabe-se lá por obra de quem, já nascem muito mais perto do topo. Ainda assim, mesmo com pouca subida pela frente, preferem descer. Outros, mais azarados, dão a largada perto do fundo do poço. Uma longa subida, que os desanima logo de saída. Preferem ficar lá por baixo mesmo e, na maioria das vezes, descer até o fim (com altíssima chance de interromper a jornada prematuramente). Quem desce e se arrepende depois, tem que subir o dobro na volta, sofrendo também duplamente, por estarem muito mais velhos e com as pernas cansadas. Muito difícil. Melhor subir enquanto jovens, no vigor da adolescência. Claro que muitos, seja lá de onde partirem, sabem que não se arrependerão da suadeira da escalada. "No pain, no gain", sábias palavras de Ben Franklin (segundo o Google). O topo é um lugar mítico, inalcançável, mas, quanto mais nos aproximamos, mais perto chegamos daquilo que Buda descreveu como Nirvana.

Um dos grandes objetivos desta vida, já o disse, deveria ser o de se tentar prover meios para que nossos descendentes sejam melhores do que nós mesmos. Não existe melhor jeito do que repassar experiência. Meus filhos estão numa fase onde as encruzilhadas lhes chegam a cada trecho muito curto, provocando inúmeras dúvidas e muita insegurança. Cada escolha já feita os ajudarão nas seguintes. Mas ainda faltam muitas à frente. Que eles já tenham entendido que a subida é sempre a melhor escolha. Até o Nirvana.








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