segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

ROBERTO CARLOS - meu pitaco na religião

Acabei de acordar novamente no meio da noite, após um sonho. Estava num lugar grande, um estúdio de música, e conversava com nada mais, nada menos que com Roberto Carlos, o cantor. Cidadão diferente da imensa maioria dos mortais, prova inequívoca de que esta vida não nos garante as mesmas oportunidades e experiências. Não o tinha, como pessoa, em tão alto conceito como o que alcançou com sua música. Mas conversava com ele sobre trivialidades. Confirmando minha opinião, nada muito interessante. Acrescento aqui, para melhor entendimento do contexto do sonho,  que havia acabado  de ler um livro fantástico de um autor holandês, médico de um asilo de pacientes terminais, filósofo também de formação, e responsável, entre outras coisas no local, pelo processo de eutanásia dos que se dispusessem e se enquadrassem nas regras determinadas. Chama-se "Dançando com a morte", de Bert Keizer. Falarei sobre ele em outra ocasião. Mas mostrou que a consciência do final pode nos trazer esse insight e forneceu elementos para o sonho. Voltando a ele, em determinado momento Roberto falou sobre a grande fixação dele - Deus. Qualquer coisa. Trivial. Rotineira. Clichê. Deve usar com frequência. Muito provavelmente acredita mesmo nisso. Foi quando, misturando livro, sonho e eu mesmo, me peguei falando um caminhão de coisas pra ele que agora sinto vontade de passar para a frente. Desabafei com volúpia conceitos que, já faz algum tempo, eu queria deixar escrito. Meu insight sobre religião. 

Comecei já detonando Deus. Conceito nebuloso, promessa sem garantia, placebo evangélico e desnecessário. Vida eterna, reencarnação, paraíso, recompensas. Um pouco de cultura e vontade de pensar e a coisa toda meio que desmorona. Fé ? Esconderijo oportuno para nossos medos e fraquezas. Para a imensa multidão que nada na correnteza da vida, projeto mais que suficiente. Tanto é que a religião, qualquer delas, deita e rola. Importante, sim. Necessária também. Mas totalmente romântica. Conto de fadas. Então eu não vou falar de Deus. Pra não ofender ninguém. Mas também  porque acreditar nisso exige demais do meu limitado cérebro. Torço pra Ele existir, olha aí a minha fraqueza também, mas não posso deixar de dizer minha verdade pessoal - não temos poder intelectual para  saber. E, em meu atual estágio, nem preciso.

Falei de que então ? Bom, daquilo que eu venho lapidando na minha cabeça. No cara chamado Jesus Cristo. Ou na figura que inventaram com esse nome. Não me interessa. Se ele existiu mesmo, se foi inventado por Constantino, se foi casado com Madalena, se foi ou não perfeito, se fez o pão multiplicar, não interessa para mim. Prefiro até acreditar que foi mesmo um cara normal, que os milagres foram invenção pra vender melhor o cristianismo. O que foi muito louco foi o que disseram que ele falou. O que está em pequenos trechos da Bíblia, que eu nunca li. Nem preciso, pois a gente ouve tanta gente citar tais passagens que nem precisa ir até a fonte. As pessoas falam da Bíblia como falam de Deus. Como se tudo que está escrito ali fosse verdade absoluta. Defendem cada palavra sem nenhuma certeza real de como ela chegou ali. Multidão nadando na superfície. Um livro enorme, chato na maioria dos trechos, mas que, para mim, se resume em algumas passagens emblemáticas e duas idéias centrais. Bondade e aceitação. São as duas atitudes que, a meu ver, te levarão ao ponto mais próximo de felicidade que esta vida poderá te proporcionar. Tudo depende de ser bom. Mas o que é ser bom ? Quem pergunta isso não entendeu o ponto. Ser bom é ser bom.  NÃO FAÇA A NINGUÉM O QUE NÃO QUISER QUE FAÇAM A VOCÊ.  Simples. Resume tudo. O pequeno problema é que é quase impossível. Tão simples e quase tão impossível. E onde entra a nossa humanidade ? A nossa ganância ? A nossa prepotência ? A nossa inveja ? A nossa ânsia de poder ? De prazer ? Do apego às nossas posses? Uma das coisas mais certas que Jesus disse foi: é mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha do que um rico encontrar a paz e a felicidade. Não se encontra a paz na defensiva de tentar manter sua posse. Rico é aquele que não tem e não precisa de nada ( CÃO DIÓGENES ). É muito mais fácil dividir o que se tem quando se tem pouco. Incrível e contraditório, mas real. Pobres dividem muito melhor que ricos. Penso sempre nos monges. Eles chegam perto, acho. Não na Igreja, vejam bem. Essa é outra história.

Temos também a aceitação. Quem consegue aceitar nossa real dimensão ? Somos pó, micróbios arrogantes, vulneráveis a partículas tão ínfimas que nos devíamos envergonhar - vide gripe suína, dengue, febre amarela. Não aceitamos doenças, não aceitamos dificuldades, não aceitamos os defeitos dos outros, não aceitamos nossas limitações. Não oferecemos a outra face. Bradamos por justiça com o pé na garganta do vizinho. Pedimos a Deus praticamente por tudo. Dinheiro, saúde, casa própria, emprego. Esbanjamos ansiedade, medo, revolta. Encontrei abrigo no estoicismo. Zenão, Sêneca, conceitos filosóficos de que a adversidade existe, sempre existiu e vai existir, o segredo é decidir como ela vai afetar você. A dor é inevitável, o sofrimento é opcional.

Jesus Cristo não foi o único. Minha formação ocidental e católica o deixou mais perto. Mas Maomé, Buda, Francisco de Assis, e, imagino, milhares ou milhões de desconhecidos no passar dos séculos, alcançaram o mesmo ponto. Muitos cidadãos mundanos, talvez em asilos ou hospitais, sacudidos e encurralados pela vida se esvaindo, também chegaram lá. Poucos, acredito, no burburinho da nossa rotina atual.

Roberto Carlos me serviu como bode expiatório. Coitado, pode ser até um cara legal. Mas entrou no meu sonho para simbolizar o rico da parábola de Jesus e ouvir meu sermão libertador. Você está muito longe da felicidade! Você chegou ao estágio que PARECE felicidade. Vida confortável, sucesso, fama, saúde. Mas está longe dela. Ao menos em meu desabafo onírico.

P.S. - post também antigo, finalizado agora.



































































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